terça-feira, 16 de novembro de 2010

É POSSÍVEL DEVER E POUPAR AO MESMO TEMPO?


Alguns economistas e consultores financeiros por vezes sustentam que as pessoas devem comprar sempre a vista para evitar pagar juros. Esse pensamento leva em consideração apenas o lado financeiro do consumo. Não pagando juros, o poder de compra das pessoas aumenta. Mas um outro ponto precisa ser considerado: as pessoas estão sempre dispostas a esperar acumular dinheiro pelo tempo necessário para compra de bens de mais alto valor? Bens como eletrodomésticos, automóveis, a casa própria, em razão de ter valor mais elevado, geralmente são comprados através de financiamento, seja diretamente pelo vendedor, seja através de bancos ou financeiras.

Sempre que alguém compra a prazo ou através de um financiamento irá pagar um preço maior que o preço a vista. Mesmo que o vendedor informe que o consumidor pagará em “tantas” vezes sem juros, os juros já estão embutidos no preço do produto. Pagar juros em si não é o problema, pois o pagamento deles representa o preço pela antecipação do consumo, ou seja, paga-se um valor a mais para ter o direito de usar o bem adquirido antes de conseguir a renda para comprá-lo à vista. O que deve ser analisado é se os juros são compatíveis com a capacidade de pagamento e se antecipação do consumo compensa o pagamento desse juro.

Voltando ao título do nosso texto. Imagine que alguém resolve iniciar uma poupança para acumular o valor de entrada para compra da casa própria. O primeiro passo para poupar foi dado, ou seja, estabeleceu o objetivo para o dinheiro poupado. Agora imagine que essa pessoa necessite adquirir uma nova geladeira, pois a que possui apresenta sérios problemas e já não compensa recuperá-la. O que fazer: comprar a geladeira a vista utilizando parte da poupança até então guardada ou comprar a prazo? Essa é uma decisão de carácter pessoal, a pessoa terá que escolher entre pagar juros para antecipar o consumo ou não pagar juros e reduzir a poupança destinada à compra da casa pagando a geladeira a vista.

Se a pessoa seguir a orientação dos especialistas citada no início deste texto, optará por não pagar juros e comprar a geladeira à vista. Entretanto, agindo assim, terá que esperar mais tempo que o anteriormente previsto para juntar o valor necessário à entrada da casa própria. Por outro lado, se decidir comprar a prazo, deve avaliar o valor dos juros cobrados e se a prestação da compra permitirá pagar suas demais despesas e continuar poupando para a aquisição da casa, mesmo que o valor a ser guardado seja menor. Ambas as alternativas são possíveis e depende de cada situação e do comportamento de cada pessoa.

Logo, é possível sim dever e fazer poupança. Quando se decide fazer poupança, deve haver objetivo a ser dado ao dinheiro e sempre que o objetivo for desviado, um sacrifício maior de poupança (poupar mais tempo ou aumentar o valor a ser poupado) terá que ser dado. Por outro lado, nem sempre a renda é suficiente para compra de bens de maior valor e muitas vezes de compra inadiável. É preciso analisar bem entre sacrificar a poupança destinada a um outro fim para comprar esse bens à vista ou manter a poupança e comprar a prazo. Optar por não sacrificar a poupança e usar o crédito de forma planejada pode ser uma atitude que permitirá melhorar a condição de poupança. É importante que mesmo usando o crédito as pessoas procurem também poupar.

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Quem sou eu

Graduado em Administração, especialização em Gestão Pública. Bancário e professor no curso de Administração. Certificado como analista de investimentos do mercado de capitais (CNPI), analista registrado na APIMEC-Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais. Certificado em investimentos financeiros na modalidade CPA20 pela ANBIMA-Associação Brasileira das Entidades dos Mercado Financeiro e de Capitais. Cursos de aperfeiçoamento - pela FGV-Fundação Getúlio Vargas:Mercado de Ações a Vista, Finanças Empresariais, Consultoria em Investimentos Financeiros, Gestão de Crédito e Risco, Balanced Scorecard, Gestão de Tesouraria, Finanças Internacionais e Política Macroeconômica, Fundamentos de Economia Internacional; pelo IBMEC-Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais: Matemática Financeira e Instrumentos e Operações do Mercado Financeiro; pela FIPECAFI-Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras: Avaliação de Empresas. Vários anos dedicados ao estudo dos temas Mercado Financeiro e Finanças.Já ministrou várias turmas das disciplinas Administração Financeira e Orçamentária I e II nos cursos de Administração e Ciências Contábeis.

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